Os “patrimônios” da floresta: artefatos, saberes e práticas de comunidades tradicionais na Amazônia Marajoara
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v28i1.1491Palabras clave:
Patrimônio, Ribeirinhos, Território, Oralidade, MarajóResumen
O texto aborda os “patrimônios” histórico-culturais de comunidades tradicionais no Marajó, especialmente de ribeirinhos do rio Mapuá, em Breves, no Pará. A discussão envolve saberes, práticas culturais e artefatos arqueológicos, com destaque para uma Cruz, chamada Milagrosa, por desempenhar papel significativo nas relações e encontros culturais estabelecidos entre as pessoas e o território. Os dados empíricos, obtidos por meio de observações, narrativas orais e fotografi as, analisados à luz da teoria levaram a inferir ser a Cruz Milagrosa, importante patrimônio religioso dos ribeirinhos, pois, por meio dela, esse grupo estabelece interconexão com o natural e o sobrenatural, envolvendo escolhas e atitudes quanto ao cuidado com o corpo, a alma e o território. Interpreta-se que tal patrimônio exerce no Mapuá papel de agência material e espiritual, refl etido nos saberes e práticas culturais, materiais e religiosas reeditadas cotidianamente nas bordas do sistema-mundo-moderno-colonial.
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