Os “patrimônios” da floresta: artefatos, saberes e práticas de comunidades tradicionais na Amazônia Marajoara
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v28i1.1491Keywords:
Patrimônio, Ribeirinhos, Território, Oralidade, MarajóAbstract
O texto aborda os “patrimônios” histórico-culturais de comunidades tradicionais no Marajó, especialmente de ribeirinhos do rio Mapuá, em Breves, no Pará. A discussão envolve saberes, práticas culturais e artefatos arqueológicos, com destaque para uma Cruz, chamada Milagrosa, por desempenhar papel significativo nas relações e encontros culturais estabelecidos entre as pessoas e o território. Os dados empíricos, obtidos por meio de observações, narrativas orais e fotografi as, analisados à luz da teoria levaram a inferir ser a Cruz Milagrosa, importante patrimônio religioso dos ribeirinhos, pois, por meio dela, esse grupo estabelece interconexão com o natural e o sobrenatural, envolvendo escolhas e atitudes quanto ao cuidado com o corpo, a alma e o território. Interpreta-se que tal patrimônio exerce no Mapuá papel de agência material e espiritual, refl etido nos saberes e práticas culturais, materiais e religiosas reeditadas cotidianamente nas bordas do sistema-mundo-moderno-colonial.
References
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Terras tradicionalmente ocupadas: processos de territorialização e movimentos sociais. Estudos Urbanos e Regionais, Presidente Prudente, v. 6, n. 1, p. 9-32, 2004.
ARAÚJO, Lucas Monteiro. de. Representações marajoaras em relatos de viajantes: Natureza, Etnicidade e Modos de Vida no Século XIX. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – UFPA, Belém, PA, 2017.
BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. 2.ed. São Paulo: WMF Martins, 2013.
BEZERRA, Márcia. “As moedas dos índios”: um estudo de caso sobre os significados do patrimônio arqueológico para os moradores da Vila de Joanes, ilha de Marajó, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências Humanas, Belém, v. 6, n. 1, p. 57-70, 2011.
BONI, Paulo Cesar; MORESCHI, Bruna Maria. Fotoetnografia: a importância da fotografia para o resgate etnográfico. Doc.On-line, Covilhã, v. 3, p. 137-157, 2007.
BRAUDEL, Fernand. O mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Felipe II. São Paulo: Edusp, 2016.
CASTAÑEDA, Quetzil E. The “Ethnographic Turn” in Archaeology: Research Positioning and Reflexivity in Ethnographic Archaeologies. In: CASTAÑEDA, Quetzil E.; MATTHEWS, Christopher N. (Ed.). Ethnographic Archaeologies: reflections on stakeholders and archaeological practices. Plymouth: Altamira Press, 2007. p. 25-61.
COSTA, Diogo Menezes. Arqueologia Patrimonial: o pensar do construir. Habitus, Goiânia, v. 2, p. 333-360, 2004.
COSTA, Eliane Miranda. Memórias em Escavações: Narrativas de Moradores do rio Mapuá sobre os Modos de Vida, Cultura Material e Preservação do Patrimônio Arqueológico (Marajó, PA, Brasil). Tese (Doutorado em Antropologia) – UFPA, Belém, PA, 2018.
DELGADO, Lucilia de Aalmeida Neves. A história oral: memória, tempo, identidades. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
FERNANDES-PINTO, Érika; IRVING, Marta de Azevedo. Sítios naturais sagrados: valores ancestrais e novos desafios para as políticas de proteção da natureza. Desenvolv. Meio Ambiente, v. 40, p. 275-296, abril 2017.
GALVÃO, Eduardo. Santos e visagens: um estudo da vida religiosa de Itá, Amazonas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955.
GONÇALVES, José Reginaldo Santos. O patrimônio como categoria de pensamento. In: AREU, Regina; CHAGAS, Mério (Org.). Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. 2. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009. p. 25-33.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.
HOBSBAWN, Eric; RANGER, Terence. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
HODDER, Ian. Interpretación en Arqueología: Corrientes Actuales. Barcelona: Crítica, 1994.
GUITARRARA, Paloma. Ilha de Marajó. Brasil Escola, [s.d]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/ilha-de-marajo.htm. Acesso em 15 de abril de 2025.
JORGE, Vitor Oliveira. Arqueologia, património e cultura. Lisboa: Instituto Piaget, 2000.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaios de antropologia simétrica. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2013.
LIS, Paola; GOMES, Edlaine; MACHADO, Carly. Religião, patrimônio e modernidade plurais. Religião & Sociedade, Rio de Janeiro, v. 37, n. 3, p. 9-16, 2017.
MARAJÓ: um desafio socioeconômico de proporções amazônicas. O Liberal, Belém, 11 de dez. de 2021. Disponível em: https://www.oliberal.com/liberalamazonant/marajo-um-desafio-socioeconomico-de-proporcoes-amazonicas-1.470735. Acesso em: 15 abr. 2025.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Ubu Editora, 2017.
MAUÉS, Raymundo Heraldo. Um aspecto da diversidade cultural do caboclo amazônico: a religião. Estudos Avançados, São Paulo, v. 19, n. 53, p. 259-274, 2005.
MEGGERS, Betty Jane; EVANS., Clifford. Uma interpretação das culturas da Ilha de Marajó. Belém: Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará, 1954.
MILLER, Daniel. Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre a cultura material. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2013.
PACHECO, Agenor Sarraf. En el corazón de la Amazonia: identidade, saberes e religiosidade no regime das águas. Tese (Doutorado em História) – PUC-SP, São Paulo, SP, 2009.
PACHECO, Agenor Sarraf; SILVA, Jaddson Luiz Sousa. Representações e interculturalidades em patrimônios marajoaras. Museologia e Patrimônio, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 93-118, 2015.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. De saberes e de territórios: diversidade e emancipação a partir da experiência Latino-Americano. GEOgraphia, Niteroi, v. 8, n. 16, p. 41-55, 2010.
RIZZINI, Irma; CASTRO, Monica Rabello de; SARTOR, Carla Silvana Daniel. Pesquisando: guia de metodologias de pesquisa para programas sociais. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula, 1999.
ROOSEVELT, Anna Curtenius. Arqueologia Amazônica. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 53-86.
SCHAAN, Denise Pahl. A linguagem iconográfica da cerâmica marajoara. Dissertação (Mestrado em História) – PUC-RS, Porto Alegre, RS, 1997.
SCHAAN, Denise Pahl. Marajó: arqueologia, iconografia, história e patrimônio. Erechim: Habilis, 2009.
STOTT, John. A cruz de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 2006.
SYMANSKI, Luís Cláudio Pereira. Arqueologia – antropologia ou história? Origens e tendências de um debate epistemológico. Tessitura, Pelotas, v. 2, n. 1, p. 10-39, 2014.
TRIGGER, Bruce. História do pensamento arqueológico. São Paulo: Odysseus, 2004.
TOCANTINS, Leandro. O rio comanda a vida: uma interpretação da Amazônia. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1973.
Fontes Orais
P, V.N. [109 anos]. [ago. 2017]. Entrevistador: Eliane Miranda Costa. Breves, PA, 22 ago. 2017.
S, M.N.B. [78 anos]. [jun. 2017]. Entrevistador: Eliane Miranda Costa. Breves, PA, 3 jun. 2017.
F, A.B. [89 anos]. [ago. 2017]. Entrevistador: Eliane Miranda Costa. Breves, PA, 18 ago. 2017.
M, O.S. [69 anos]. [ago. 2017]. Entrevistador: Eliane Miranda Costa. Breves, PA, 18 ago. 2017.
N, J.F. [77 anos]. [ago. 2017]. Entrevistador: Eliane Miranda Costa. Breves, PA, 22 ago. 2017.
N, J.R. [87 anos]. [ago. 2017]. Entrevistador: Eliane Miranda Costa. Breves, PA, 22 ago. 2017.
P, J.C. [59 anos]. [ago. 2017]. Entrevistador: Eliane Miranda Costa. Breves, PA, 18 ago. 2017.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 História Oral

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A revista História Oral é licenciada de acordo com a atribuição Creative Commons BY-NC-ND 4.0 (Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional). Dessa forma, os usuários da revista têm o direito de compartilhar livremente o material, copiando-o e redistribuindo-o em qualquer suporte e formato, desde que sem fins comerciais, fornecendo o crédito apropriado e não realizando mudanças ou transformações no material. Para maiores informações, ver: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR