Colônia Santa Isabel: entre memórias e vivências
DOI:
https://doi.org/10.51880/ho.v28i1.1482Palavras-chave:
Colônia Santa Isabel, hanseníase, Memórias traumáticas, História OralResumo
O trabalho proposto faz parte da pesquisa de mestrado que teve como objetivo a criação de um roteiro turístico para a Colônia Santa Isabel, um conjunto urbano inaugurado em 1931, em Minas Gerais. A fi nalidade original da colônia era segregar, de forma compulsória, os portadores de hanseníase, de acordo com a política sanitária da época, conduta em vigor até a década de 1980, quando o isolamento chegou ao fi m. Esse período marca também a reintegração dos pacientes na sociedade, assim como o abandono desses locais de segregação por parte do Estado, sendo minimizado, em 2000, com o tombamento municipal de Santa Isabel como patrimônio cultural de Betim. Baseando-se na análise bibliográfica sobre a história da Colônia Santa Isabel e no trabalho de história oral, a pesquisa permitiu, por meio dos relatos dos antigos moradores, reconstruir as diversas etapas que compuseram o isolamento em Santa Isabel, com ênfase nas vivências, nos processos de ocupação, sociabilidades e nos diferentes usos desse conjunto urbano ao longo do tempo. O movimento duplo de ressignifi cação das memórias e reflexões sobre os estigmas e traumas trazidos pela experiência do isolamento, mas, especialmente, as histórias de superação e interação com o espaço, faz com que a Colônia Santa Isabel seja um lugar de memória.
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