“O partido tomou conta de mim”: o enquadramento da memória de Dirce Machado

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.51880/ho.v28i1.1462

Resumen


Neste artigo analisamos como a cultura política comunista conformou a identidade da militante Dirce Machado e tem influenciado suas formas de narrar sua trajetória junto ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e junto à Revolta Camponesa de Trombas e Formoso.  Por meio da análise de entrevistas e de um documentário, busca-se investigar o processo de enquadramento da memória elaborado ao longo do tempo pela militante, processo que foi motivado pelo desejo de enaltecer o partido e a ideologia comunistas. O artigo evidencia como a dedicação de Dirce Machado em se tornar a guardiã da memória da revolta camponesa contribuiu para a construção de uma performance, de uma narrativa  e de uma  identidade como uma mulher comunista.

Biografía del autor/a

Martha Rebelatto, Instituto Federal de Minas Gerais

Doutora em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com orientação do Prof. Dr. Douglas Libby. E-mail: martha.rebelatto@ifmg.edu.br.

Paula Elise Ferreira Soares, Instituto Federal de Minas Gerais

Doutora em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com orientação do Prof. Dr. Rodrigo Patto Sá Motta. E-mail: paula.elise@ifmg.edu.br.

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Publicado

2025-04-29

Cómo citar

Rebelatto, M., & Soares, P. E. F. (2025). “O partido tomou conta de mim”: o enquadramento da memória de Dirce Machado. História Oral, 28(1), 155–174. https://doi.org/10.51880/ho.v28i1.1462