Narrativas orais e fontes visuais: uma metodologia para conhecer relações fenomenológicas entre sujeitos e antigos lugares de trabalho

Autores

  • Daniela Vieira Goularte Universidade Federal de Pelotas
  • Ana María Sosa González Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.51880/ho.v25i2.1267

Palavras-chave:

patrimônio industrial, relações fenomenológicas, narrativas, história de Pelotas

Resumo


Este artigo apresenta uma metodologia criada com o objetivo de conhecer a dimensão intangível – formada por memórias, significados e percepções – existente entre sujeitos de diferentes grupos com respeito ao patrimônio industrial da “Zona do Porto”, na cidade de Pelotas (RS). A partir da identificação de um problema relacionado à preservação e reutilização do patrimônio industrial local se trabalhou numa análise dialética, através do movimento regressivo-progressivo (Lefebvre, 2013), somada à combinação de instrumentos de coleta de dados como mapas mentais, entrevista semiestruturada baseada na metodologia da História Oral e foto/objeto-elicitação, formando um eficiente conjunto de narrativas orais que se complementaram com fontes visuais. Seguindo as recomendações da Carta de Sevilha (TICCIH-Brasil, 2018) que indica a necessidade de pensar modelos participativos mais inclusivos para os cidadãos, a pesquisa buscou conhecer esses aspectos intangíveis, para que possam se integrar a novas formas de preservação e legitimação junto à sociedade civil, e assim fortalecer o sentimento de pertencimento da comunidade com seu patrimônio. A metodologia baseada na alternância de narrativas (orais e visuais) se mostrou apropriada para abordar as questões de memória, ressignificações dos antigos espaços industriais e assim promover a preservação e valorização do patrimônio industrial da cidade de Pelotas.

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Publicado

2022-12-15

Como Citar

Vieira Goularte, D., & Sosa González, A. M. . (2022). Narrativas orais e fontes visuais: uma metodologia para conhecer relações fenomenológicas entre sujeitos e antigos lugares de trabalho. História Oral, 25(2), 197–222. https://doi.org/10.51880/ho.v25i2.1267